sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Necrológio

e justo pelo cu foi pego e
tua virilidade, o medo de perdê-la,
o matou.

e que o cu era sagrado,
e que era um lugar de jejum e solidão.
e que era frescura e que podia matar quem o tocasse.

e agora?

um câncer no cu te assola e quem irá tocar a tua alma?
antes te tocassem o cu
e estava a salvo
e viril
e homem e sempre.

hoje é outro o teu medo,
ontem o cu agora a morte.

e a morte te levará
o cu e o medo
e do que fica nem sequer falta te fará.

te fincassem antes no cu o dedo
e tudo já estava.

ironia,
teus cunhados morressem, frescos,

do que agora te mata.

Gênesis


pende a cabeça de deus
enforcada sobre a beleza

escorre em si rútilas pétalas
adornando a carne como árvores antigas

a beleza canta seu engenho sob o sangue
decantando toda a criação estrangulada

a beleza inaugura o nome
encerrando nas urnas alfabetos proibidos

o nome brota na insígnia assassina
a garganta esfolada de deus